Profissão: uma descoberta ou um chamado?

27/02/2014 Por: taisbr

Heidi Motomura

Durante seu desenvolvimento, o jovem imagina seguir diversas carreiras profissionais. E a dúvida surge: não sabe se gosta mais de português ou de matemática, se deseja cuidar de vidas ou de máquinas, ou ainda se pretende construir casas ou compor músicas. Mas, quando tudo isso é interessante, como saber para onde seguir?
O coordenador de atendimento ao aluno do Curso Positivo, professor Ivo Carraro, explica porque é tão difícil para o jovem decidir seu futuro profissional.
“No período da adolescência o cérebro entra na fase grande transformação tendo em vista a ação dos hormônios da sexualidade e do crescimento que foram acionados na puberdade, fase anterior ao da adolescência. Pode-se então conceituar adolescência como sendo, metaforicamente, a construção de uma ponte que liga a infância à fase adulta do ser humano. Essa transformação cerebral implica na mudança de prazeres”. Por isso, não é raro as pessoas se profissionalizarem em áreas bem diferentes das quais sonhavam quando eram crianças.
Essa mudança natural causa uma confusão emocional que, se não for bem atendida, poderá levar à escolha errada, gerando frustração, perda de tempo e dinheiro. Só neste ano, o Provar – Processo de Ocupação de Vagas Remanescentes da Universidade Federal do Paraná ofereceu 1.446 vagas resultantes das desistências em 2009, ou seja, se calculado sobre os 5.334 aprovados em 2008, são mais de 27% de abandono de curso. O índice é ainda mais alto quando se analisa o cenário universitário do Brasil. De acordo com estudo do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, Ciência e da Tecnologia, no período de 2001 a 2005, o país teve 48% de evasão dos universitários.
Foi observando estas estatísticas que o professor Ivo Carraro, psicólogo com especialização em Neuropsicologia e Psicanálise, desenvolveu um método próprio de orientação profissional aplicado há cinco anos no Curso Positivo e que, até hoje, teve 100% de eficácia. Importante ressaltar que a orientação é profissional e não vocacional, termo que vem sendo adequado aos poucos pelos profissionais da área. Vocação significa chamamento, pré-estabelecimento de um caminho, o que ocorre com um número muito pequeno de pessoas. “São os casos de quem passa pelo processo de transformação e mantém sua escolha”, explica o professor, “enquanto a orientação profissional leva o aluno a descobrir o caminho que lhe é prazeroso”, completa.
A orientação profissional aplicada no Curso Positivo apresenta ao pré-vestibulando 392 atividades desenvolvidas por profissionais bem sucedidos que são analisadas pelo jovem e relacionadas às atividades que mais gosta. Assim, associando o grau de prazer que há entre determinada profissão e o seu hobbie preferido, o jovem ativa no cérebro o chamado sistema de recompensa, responsável pelo sentimento de prazer, e define seu caminho. “Todos os seres humanos nascem com potencialidades. O desenvolvimento delas depende das circunstâncias da relação com o meio”, declara o professor.

Na universidade
Quem não questiona antes, questiona depois. A falta de identificação com o curso escolhido, a ilusão sobre a vida universitária, as dúvidas sobre o mercado de trabalho são os conflitos mais comuns trazidos pelos alunos da Universidade Positivo que buscam uma re-orientação profissional. Segundo a psicóloga Taís Targa, coordenadora da Central de Carreiras da UP, o não sucesso na escolha do curso superior pode ser consequência da falta de autoconhecimento dos jovens que, na ânsia em escolher uma carreira profissional, são influenciados por amigos, namorados, querem atender os desejos dos pais e, até mesmo, visam somente o lucro que podem ter em determinada profissão. Às vezes os jovens se precipitam e tomam uma decisão impulsiva, não refletindo sobre o que realmente gostam, quais são suas reais habilidades e, porque não, quais são os seus sonhos.
Ser reconhecido e obter sucesso financeiro é o que todos desejam, mas será que é o curso ou a área escolhida que vai possibilitar isso? Segundo Taís Targa, não, pois o desenvolvimento de uma carreira não é ciência exata e depende, principalmente, de como o profissional encara sua realidade. “É muito difícil um profissional que faz o que não gosta se destacar no mercado de trabalho”, declara a coordenadora. “A escolha da profissão é como um casamento: demanda tempo, dedicação e até uma certa ‘paixão’ para alcançar bons resultados”, completa.
A re-orientação profissional, desenvolvida pela Central de Carreiras da UP, segue uma linha de trabalho bastante semelhante à orientação profissional desenvolvida no Curso Positivo. Existem alunos que ainda questionam o curso que estão fequentando, outros que já definiram um novo caminho e até aqueles que definitivamente ainda não tem noção de em qual carreira investir, mas, para todos os casos desenvolve-se um trabalho de autoconhecimento. É a oportunidade que o jovem tem de avaliar melhor, com os profissionais e a família, sobre como prosseguir na vida universitária.
Segundo Taís, são atividades que envolvem entrevistas psicopedagógicas, aplicação de testes vocacionais, podendo inclusive, em alguns casos envolver os pais em uma etapa específica do processo. Os alunos também são instruídos a assistir algumas aulas de cursos de seu interesse para ter mais certeza na hora da escolha. O fato é que, depois de ingressar na universidade, fazer uma segunda escolha é ainda mais difícil porque o medo de errar novamente funciona como uma pressão pelo jovem sobre ele mesmo.

Fonte: Bem Paraná

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