Perdão mundo, sou uma introvertida de carteirinha!

27/03/2014 Por: taisbr

Por Taís Targa

Hoje posso afirmar com certeza que sou uma “ex-tímida” e uma introvertida de carteirinha. Por ser uma das “quietas” em uma família expansiva e de origem italiana, sempre carreguei inúmeros rótulos e uma enorme culpa por não ser tão simpática ou extrovertida como “deveria”. Fora outras questões existenciais que não vêm ao caso, sempre me esforcei muito para ser uma pessoa mais aberta, falante, simpática e expansiva.

O mercado de trabalho, a faculdade de psicologia e muita terapia me fizeram perder a timidez, que segundo a Wikipedia, é caracterizada “pela obsessiva preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros”. No entanto, continuo sendo uma pessoa introvertida e, agora, posso dizer que me aceito como tal e me aproveito das vantagens competitivas de ter essa característica pessoal. Apesar de vivermos em um mundo onde a extroversão, assim como a espetacularização e o marketing pessoal estão em crescente alta, os introvertidos têm muito a contribuir e, em alguns casos, são peças-chaves para grandes realizações.

Podemos não ser os seres mais sociáveis ou não ter aquele carisma (que tanto admiro nos extrovertidos), mas somos dedicados, competentes nas nossas atividades, expressamos nossa opinião com seriedade e muita análise prévia. E o que, na minha humilde opinião, é o mais importante: ouvimos e avaliamos como ninguém!

Geralmente somos partidários dos poucos e bons amigos, precisamos de tempo (em silêncio) no nosso casulo para recuperarmos a energia e as redes sociais foram um presente dos deuses para nós, pois podemos expressar nossa opinião e até arriscamos um pouco mais de intimidade, coisa que jamais faríamos na frente de muitos.

Temos um universo interior fascinante, uma imaginação criativa e rica em detalhes, mas pouco revelada. Somos seres sensitivos e observadores ao extremo (quando o assunto nos interessa, claro!).

Já me perguntaram se sou palco ou plateia e na ocasião não soube responder. Mas, com a maturidade de hoje, posso dizer que nem um, nem outro. Sou diretora de cena, oriento para que um extrovertido brilhe sob minha administração!
Taís Targa

Na sociedade da visibilidade, a timidez pode parecer um mau negócio. Na era da internet, o mundo – que já supervalorizava o que aparecia na TV – passou a basear boa parte dos conceitos sobre o outro naquilo que vê nas redes. Mesmo que isso não corresponda, necessariamente, à realidade.

Penso que tudo na vida busca o equilíbrio. E exposição demais também tem suas desvantagens. O risco sempre é maior. Cada um, com suas peculiaridades, tem sua contribuição a dar para uma sociedade ou organização. Seres humanos são como oceanos: há tantas combinações, tantas personalidades possíveis quanto o número de gotas no oceano.

Um tímido não é igual ao outro; assim como todo falastrão também é único. Vale mais ser um tímido cheio de ética e de valores do que um expansivo sem caráter.

Pamela Forti
Recentemente, a escritora Suzan Cain apresentou um novo livro que colabora e defende todo esse conceito sobre o silêncio que alguns adotam em seu estilo de vida. O livro tem um nome sugestivo: O poder dos quietos (http://opoderdosquietos.com.br/).

Apesar de ser um extrovertido apaixonado, fascinado por todas as possibilidades de conexões através das redes sociais, tenho percebido que há um grande valor em desenvolver também o lado mais introvertido.

Diante da enxurrada de informações que recebemos diariamente, vejo que os mais introvertidos têm se dado melhor em manter o foco e a concentração, e esse é o verdadeiro “superpoder” que os quietos possuem. Vale, então, a dica de aprendermos com eles!

Sidnei Oliveira

*Taís Targa, Psicóloga, Mestre em Educação, Especialista em Transição de Carreira, Coaching e Recolocação.

Fonte: Blog Sidnei Oliveira na Revista Exame

14 comentários

  1. Parabéns, adorei o artigo! Realmente o mundo corporativo deixa uma percepção que todos precisam ser extrovertidos e poucos tem idéia sobre as qualidades dos introvertidos.

  2. Muito boa a analogia com a Vida, nosso dia a dia e visão de como devemos pensar, agir e refletir sobre nosso interior e potencial.
    A Vida é um eterno aprendizado, basta estar receptivo a ela e seu ambiente que iremos prosperar como pessoa em todos os sentidos, pessoais e profissionais em busca da satisfação de viver .

  3. Excelente post Tais! Eu admiro os tímidos, realmente eles tem qualidades admiráveis. Eu já fui muito extrovertido quando mais jovem. Entretanto, com o passar dos anos, com a maturidade e as experiências que fui tendo, percebi um movimento de interiorização em mim. Não que eu ache que ser introvertido seja melhor ou pior do que ser extrovertido. Apenas percebi que, em determinados momentos, gostaria de ter escutado mais, processado mais uma informação dentro de um contexto, para somente depois exteriorizar uma opinião. De qualquer forma, não tenho a menor sombra de dúvidas de que podemos e devemos aprender muito com os introvertidos. Abraços!

  4. Olá, Tais!
    Respondendo a pergunta do e-mail, sim, sou introvertido. Também prefiro escrever a falar. Ser calado/quieto, discreto, prudente e sério é uma vantagem. Tanto que até tenho uma lista de princípios que se alinham à minha personalidade. Transcrevo alguns abaixo:
    1. Na lealdade, na confiança e na fidelidade é que se refinam as verdadeiras amizades!
    2. [Sou] Um observador analítico, introversão, seriedade e “caseiridade” são virtudes, não defeitos.
    3. Prefiro ser um cofre a sete chaves do que um livro aberto.
    4. Serras e montanhas isoladas são os meus lugares prediletos!
    Li o artigo, está de acordo. Também conheço a obra e o trabalho da Susan Cain. Acompanho os artigos que ela posta neste site aqui: http://www.quietrev.com/

    1. Olá Tais.
      Seus artigos são excelentes.
      Acompanho você ha algum tempo.
      Verifica a indicação de site da Susan Cain. Acredito que esteja desatualizado.
      Grande abraço.

  5. Olá Taís em resposta ao e-mail posso dizer que sou introvertido e tímido, sou muito observador, mas ainda não me libertei dessa timidez .

  6. Sou introvertido também, mas temos uma vantagem, ouvimos mais do que falamos, e quando falamos é porque já ouvimos tudo, e chegamos a uma conclusão, que normalmente surpreende a todos positivamente.

  7. Excelente texto! Me identifiquei em vários momentos, apesar de não me considerar totalmente introvertida ou extrovertida (meu teste indicou que sou ambivalente). Confesso não saber se é bom ser quieta. Já ouvi no ambiente de trabalho que eu deveria desenvolver meu marketing pessoal. Estou estudando o tema.

  8. SIM sou um pouco de cada,não sou muito de falar sim tem horas que o silencio e o principal remédio,coce as vezes tem que ficar isolado para refletir.

  9. Olá Taís, Me identifico muito com sua forma de ser introvertida, acredito que sou também. As redes sociais ajudam mas no meu caso não costumo usá-las para expor minha opinião só para melhorar minhas amizades.

  10. Amei o texto.Perfeita definição.
    Sou introvertida e trabalho no varejo a alguns anos como gerente de loja.Alguns podem se perguntar o que um introvertido esta fazendo num lugar onde o foco é a comunicação.Ai esta minha descoberta pessoal.Por ser observadora,focada,ouvinte,minha comunicação costuma ser mais certeira.Em um mundo onde as pessoas não estão vendo muito ,o outro,encontrar quem saiba te ver e saiba te ouvir é preciosidade.Essa característica me facilitou muito com liderança por passar confiança.

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